terça-feira, 30 de novembro de 2010

O dia em que descobri a cura pelo jejum

por Arnold Ehret*


“Eu nunca respondi as cartas de Hilda. Eu não poderia, e ela não esperava isso. Portanto, uma escuridão absoluta prevaleceu sobre tudo. Eu não soube de sua morte até que ela veio a mim, em espírito, em Ascona.

“Nesse meio tempo muita coisa aconteceu comigo. Tendo retornado de Berlim, eu vi que a questão da imortalidade me perseguia mais do que nunca. Eu coloquei anúncio num jornal e assim entrei num chamado círculo privado, onde a reunião começava ao redor de uma mesa.

“Lá ninguém era médium, mas um de meus amigos trouxe suas três cunhadas solteiras e isso estragou a nossa liberdade. Sempre se tentava propiciar o casamento de uma delas com um dos jovens presentes, um dos quais tinha sido meu discípulo e mais tarde desempenhou um papel importante na minha vida ao fazer uma viagem de bicicleta comigo ao redor do mundo.”

“Ele e eu finalmente concordamos em nos separar do grupo, junto com outro homem cujo nome era Ferdinand e que mais tarde se tornou meu amigo íntimo.”

“Ferdinand era um mestre na construção de cercas... Sua mãe havia morrido cedo. Seu pai era um açougueiro em Estrasburgo, um grande beberrão, e quando em 1870 irrompeu a guerra ele se juntou ao exercito francês como fornecedor de carne, deixando o jovem por sua conta. Ferdinand tinha então oito anos. Vestido com calça e camisa, pés descalços, ele perambulava pela cidade, por ruas proibidas, onde ninguém se aventurava a deixar a casa, onde os marginais se escondiam nos porões, onde balas voavam por todo lado.”

“Logo ele ficou conhecido como o “garoto à prova de balas” e era enviado com uma cesta para as lojas para comprar víveres para os outros. Mas então os alemães tomaram a cidade e sua identidade foi averiguada, foi adeus a Estrasburgo e à independência. Ele foi enviado para um tio em Basel.”



“Esse tio era um homem de negócios rico, mas tão sovina como seu irmão havia sido beberrão, e ele não queria gastar para educar o rapaz. Ele, então, o colocou para trabalhar em seu negócio o dia todo.

“Quando Ferdinand tinha quinze anos ele encontrou um benfeitor que o mandou para a escola, e num só ano ele cursou todos os graus e se formou em primeiro lugar. Mais tarde ele encontrou trabalho num hotel como garçom e de lá foi para Londres, num lugar onde se realizavam casamentos judaicos magnificentes, onde era servido de tudo que se pudesse imaginar.”

“Em um desses casamentos, a conta não fechou. Muito mais vinho havia saído do que servido. Então, o proprietário chamou a polícia que fez uma busca e, dos duzentos garçons todos, menos Ferdinand, tinham garrafas de champagne escondidas em seus baús. Eles foram despedidos e ele promovido a chefe de departamento. Isso abriu grandes oportunidades para ele. Ele recebeu emprego num hotel freqüentado pelo Rei Edward, onde a menor gorjeta era de uma libra. Podia-se jantar lá só com reserva antecipada. Nada voltava para a cozinha... Há muitos lugares na Europa onde isso acontece, onde os garçons sustentam várias famílias com as sobras... Ele ganhava de 60 a 80 libras por dia e poderia ter acumulado uma fortuna em dez anos. Mas ele se tornou novamente um pobre diabo.”

“O destino não o favoreceu mais; ele se tornou nervoso, sofria de perda de memória e não conseguia mais controlar os vinte garçons que comandava. Eles o enganavam.

“Ele, então, com suas economias, tentou de tudo que os médicos e a medicina podia oferecer, de pílulas suíças a cintos elétricos. Mas não recuperou sua saúde.

“Ele havia se tornado camareiro e, por acaso, encontrou um velho livro de um autor obscuro onde se lia que se deveria começar uma cura, qualquer que fosse, com três dias de jejum. Ele fez isso, e assevera que depois disso ele ficou completamente bom, se livrou de todo nervosismo.

“Isso o deixou tão entusiasmado que ele imediatamente renunciou ao seu cargo, deixou seus aparelhos elétricos e dois baús cheios de livros, e viajou para casa. Parou apenas em Wiesbaden para ver, de um novo ponto de vista, as pessoas que procuravam sua salvação nas águas. Alguém com muletas veio em sua direção e Ferdinand disse a ele: “Eu sei de algo que pode curá-lo. Mas eu lhe direi sobre isso somente se você me prometer seguir meu conselho.”

“Eu prometo,” disse o estranho.

“Jejue!” ordenou Ferdinand.

“Após dois dias ele viu o sofredor reumático novamente. Ele se sentia melhor, e em mais dois dias estava bom. Ferdinand foi expulso da cidade.

“Ele foi para Basel onde um tio era mestre na construção de cercas, aprendeu o ofício, e a cidade lhe deu uma posição com uma pensão futura. Entretanto, seu entusiasmo pelo jejum era tanto que ele dava palestras a respeito. Até as igrejas de Basel eram abertas para seu propósito.

“Naturalmente, se alguém representa algo assim, é preciso demonstrar. Num domingo, Ferdinand colocou um aviso numa cerca dizendo que ele iria jejuar sete dias e, então, dar uma palestra sobre: Cristo, o grande médico da história..

“Naturalmente, todos vieram, senão por outra coisa, para vê-lo enfraquecido pelos sete dias de jejum. Mas o resultado foi que ele era instado a fazer preleções regularmente. E se em algum lugar houvesse um ser doente, a quem ninguém podia ajudar, ele procurava refúgio com Ferdinand, cujo slogan era: jejue e ore. Isso, dizia ele, contem todos os ensinamentos da cura, mas o jejum é o mais importante. Em pouco tempo ele adquiriu nome e reputação, de modo que raramente um dia se passava sem que alguém pedisse sua ajuda, por telegrama ou de qualquer outro jeito.”

“Os doutores da medicina naturalmente não gostaram disso, e a polícia o proibiu. Não era permitido a ele nem aceitar admissão voluntária e, finalmente, foi expulso da cidade.”

“Sua reputação como o médico do jejum o seguia. Ferdinand conheceu o editor de um jornal chamado “Proteção do Homem”, que publicou um artigo sobre ele intitulado: “Um Novo Cristo Curador” escrito de tal maneira que caiu como uma bomba entre os oponentes, assim como amigos. Logo Ferdinand era a pessoa mais falada e procurada na Suíça. Se afirmava oficialmente que ele havia curado todos os tipos de doença, até uma mulher que havia sofrido de problemas nos rins for vinte e nove anos.”

“Em Zurich, eles lhe trouxeram um cego e o resultado foi que o mesmo, em três meses, estava dando palestras, sua visão restaurada através do jejum... Todos na Suíça e arredores procuravam a cura com ele.”

“Morningstar, um judeu, sentado em sua cadeira em Basel viu que se podia ganhar algo com isso – se podia fazer um negócio disso. Ferdinand só aceitava oferendas dadas com amor.”

“Então ele, Morningstar, recebia as pessoas e dizia: Ferdinand não está mais aqui, mas eu posso fazer tudo que ele pode. E ele aceitava dinheiro e desenvolveu uma rotina de maneira que o paciente acabava escrevendo um cheque de sessenta mil marcos para construir um sanatório. Ele comprou uma fazenda perto de Basel, e em dois anos tinha mandado os sessenta mil marcos para o diabo. A polícia o prendeu, e isso deixou Ferdinand, cujo nome estava ligado a ele, em má situação.”

“Ele abriu mais tarde, em outro lugar, uma escola de construção de cercas, onde viveu por vinte e cinco anos, sempre tentando propagar sua cura, mas a polícia e os doutores novamente causavam problemas para ele. Eu próprio o empreguei finalmente como meu assistente, e hoje ele está trabalhando num sanatório.”

“Em Basel, a polícia certa vez o colocou num asilo de loucos, onde seu caso foi diagnosticado como de “idéia fixa”,” disse o Sr. Ehret, sorrindo. “Seus próprios parentes o renegaram. Mas como ele não tinha nenhum dinheiro, os médicos o declararam saudável. Quando o acusaram de ter uma idéia fixa, ele respondeu: “Minhas idéias são fixas mesmo! Ao passo que as suas são tão sem valor que vocês as mudam todos os dias. As minhas são tão sãs como as daquele que disse: “O Céu e a Terra passarão, mas minhas palavras não passarão.”

O Sr. Ehret concluiu solenemente: “Todo seu aspecto era nobre. Ele nunca mentiu em sua vida... Tal ser ideal se desenvolveu de um menino quase faminto, sem educação, sem pai nem mãe. Verdadeiramente: “Bem aventurados são os pobres, porque deles é o reino do Céu.””

Mais tarde ele me disse:

“Era um dia quente e claro de julho – nenhuma nuvem no céu quando as pessoas foram ao cemitério. Centenas de pessoas que tinham interesse em Ferdinand e sua família participaram desse funeral. O tempo estava tão bom que ninguém levou um guarda-chuva.

“Enquanto o caixão era baixado o sacerdote fez um discurso tocante e, quando terminou, Ferdinand quis falar – algo contrário a todo costume e até não permitido. No caso de personalidades de renome um conhecido poderia falar, mas aqui... Bem, ele começou seu discurso, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Ele apenas falou uma frase e não até o fim. Foi algo assim:

“Na realidade, eu sou o assassino do meu filho, pois eu fui responsável por sua existência...”

“O sacerdote o interrompeu com um sinal de alerta, gesticulando para que ele ficasse quieto. Era uma situação dolorosa. Então algo estranho aconteceu.

“O sacerdote, durante seu discurso, fascinou tanto as pessoas que ninguém percebeu a pesada tempestade que se aproximava, e quando o caixão estava sendo baixado o primeiro estrondo veio do céu, cortando as palavras de Ferdinand. No momento seguinte caiu a maior chuva e as pessoas em pânico fugiram para a capela do cemitério. Logo depois a sepultura estava cheia de água e o caixão flutuava.”

“Naquela época eu dava palestras,” disse o Sr. Ehret,” e um médico me procurou após uma palestra pra me dizer que somente agora ele havia aprendido o valor do jejum. Mas que tinha uma só objeção: que eu ainda fosse um solteirão.

“Uma risada ecoou através do salão. Eu disse a ele: “Uma única condição está faltando. A mulher ainda não existe. Ela não deve saber nada sobre cozinha.”

Eu brinquei: “Difícil, então, para o amor ser conquistado pelo estômago.”

Ele vociferou: “Essa é a frase mais absurda. Há uma tragédia por trás disso.

“Um conhecido meu, um poeta e um líder do movimento vegetariano, foi a New York e lá se casou com uma moça alemã. Ele havia vivido por anos de fruta e pão integral, mas agora a cara mulher cozinhava para ele. Um dia ele caiu doente com pneumonia e morreu. Ela retornou à Alemanha e casou com outro vegetariano, um oficial, que teve um dedo amputado devido a um acidente. Durante dois anos a ferida não fechou. Eu o aconselhei a jejuar e seis dias depois ele estava curado.

“O casal idoso fez uma cura de jejum e se tornou jovem novamente. Então a mulher me disse, entre lágrimas: “Agora eu sei que a causa da morte de meu primeiro marido foi a minha comida.”

“Nós todos estamos nos matando da melhor maneira possível,” o Sr. Ehret refletiu, “e isso está certo. Nova vida traz novas idéias. Pense na quantidade de pessoas cujas mentes envelheceram e enferrujaram com a idade pela falta de uso. Pense nos cérebros que precisam ser limpos e colocados em ordem como um quarto sujo. Mas as pessoas estão tão satisfeitas com o que elas armazenaram que nada, exceto a morte, pode mudá-las... “Não se pode por vinho novo em garrafas velhas.”

* Arnold Ehret (1866 – 1922) foi um professor e autor de diversos livros sobre saúde, nascido na Alemanha e radicado nos EUA. Este texto foi extraído de seu livro “A História de Minha Vida”. Baixe, conheça e leia a obra integral clicando no link apropriado na barra lateral do blog.

5 comentários:

  1. oi amigo. os links estao quebrados. e bota lenha nesse blog tchê!

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  2. Fantástico! Estou deslumbrada! Vamos compartilhar.

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  3. Fantástico. Estou deslumbrada. Quero saber mais!

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